Dislexia
Você conhece alguém que troca os nomes das coisas com frequência? Confunde palavras parecidas na leitura? Nunca decorou a tabuada? E ao soletrar, tem alguma dificuldade?
As situações acima podem ou não indicar algum grau de dislexia. Tudo depende da recorrência e de uma avaliação mais aprofundada. Siga comigo para entender mais sobre este distúrbio ainda pouco discutido.
Identificar, tratar e ajudar.
O apoio da família e da escola é fundamental para o desenvolvimento da criança.
E a informação pode permitir que o adulto lide melhor com a condição.
Vamos acompanhar as principais características e caminhos da dislexia?
O que é dislexia
Tem pais e/ou familiares próximos diagnosticados com dislexia? Atenção, pois este é um transtorno de ordem genética e hereditário.
É nas salas de aula que as dificuldades ao ler, escrever, soletrar palavras ou memorizar costumam aparecer. Todas as anteriores são características da dislexia, distúrbio neurológico que afeta a aprendizagem.
Sintomas
Vamos simplificar de maneira bastante didática?
- Sinal vermelho (principais): a linguagem e a escrita trazem dificuldades, inclusive na ortografia. A leitura também apresenta obstáculos e se mostra lenta.
- Sinal amarelo (frequentes): prejuízos na compreensão de textos, execução de tarefas complexas em série, entendimento de símbolos, problemas matemáticos e memorização da tabuada, organização, indicação de caminhos e memória de curto prazo. Letra ‘feia’ (disgrafia) e nenhuma facilidade para aprender um segundo idioma.
- Sinais esporádicos: percepção espacial precária e problemas com a linguagem falada.
Algumas situações recorrentes de rotinas escolares para prestar atenção:
- Dificuldade para manter foco e atenção (criança facilmente dispersa), aprender rimas e músicas e lidar com jogos do tipo quebra-cabeças.
- Apresenta demora no aprendizado da fala.
- Rejeita materiais escritos.
- Problemas com o cumprimento de prazos (desorganização).
- Confusão na diferenciação entre esquerda e direita.
- Pobreza de vocabulário.
- Dificuldades motoras - desde a escrita e cópia da lousa/livros, como o ato de dançar.
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Importante reforçar que o teste do Instituto ABCD não se trata de um diagnóstico.
Quanto antes tratar a dislexia melhor?
Como há um grande número de pessoas não diagnosticadas, estima-se que haja mundialmente 5 a 17% de disléxicos.
Portanto, a descoberta ainda na primeira infância, antes ou durante o processo de alfabetização, dará todas as ferramentas para os pais, escola e terapeutas multidisciplinares (fonoaudiologia e psicologia) atuarem no processo de aprendizado.
Assim, minimizando prejuízos ao desenvolvimento da leitura, escrita e fala; da linguagem como um todo. E do entendimento matemático.
Tratamentos e abordagem
Sabe a palavra que melhor representa o tratamento para a dislexia? Acompanhamento. Sim! Prestar atenção aos filhos, seu comportamento, o progresso da linguagem, formas de expressão e evolução na escola.
O primeiro passo é dispor do eventual histórico familiar de dislexia (e outras possíveis questões cognitivas), o que pode ser determinante para associar alguns dos sintomas descritos mais acima.
A partir daí, em caso de suspeita, é imprescindível adotar uma abordagem especializada, pois a escola sozinha não será capaz de oferecer todo o suporte necessário (embora haja a AEE - Assistência Educacional Especializada, tópico levantado mais adiante).
Nesta etapa, inclusive, ela participa do processo de encaminhamento da criança.
Contando, por exemplo, com profissionais de psicologia com habilitação em psicopedagogia e ambiente escolar, bem como de fonoaudiologia com vivência em dislexia.
Desta forma será possível receber um diagnóstico preciso. Por fim, se positivo, entra a fase do tratamento.
Um sistema apropriado à dislexia, composto por exercícios, brincadeiras e jogos que favorecem a estimulação, memorização e associação.
Esta última técnica capacita o cérebro da criança a fazer uma decodificação de sons ou letras que trazem mais dificuldade no momento da leitura ou da escrita.
Seria como associar um som a algo que ela goste. Com o tempo, vai se tornando familiar e o antigo obstáculo fica mais adaptável.
O processo integral motiva o hábito da leitura e o seu entendimento, assim como a escrita.
O próprio progresso serve como incentivo para continuar superando as dificuldades.
Dislexia x TDAH
É possível apresentar os 2 transtornos ao mesmo tempo. Separadamente, são frequentemente confundidos, até por partirem da mesma origem, o desenvolvimento. Entretanto, as principais diferenças não costumam deixar dúvidas.
As dificuldades com a memorização de palavras, letras, números (também de canções e uso de rimas) e o senso entre direita e esquerda, comuns à pessoa com dislexia, não afetam quem apresenta TDAH. Este tem déficit em sua percepção espacial.
E as provas escritas? São um problema para o aluno com dislexia, mas não para o portador de TDAH.
O papel da família em casa e na escola
Lembra-se que destacamos o acompanhamento? Veja abaixo mais algumas práticas de suporte e amor, quando todos se envolvem com a questão.
Como os pais devem conduzir/comportamento para ajudar os filhos
Além do apoio com o tratamento, a leitura deve estar presente no dia a dia da criança:
- Acesso a livros o tempo todo.
- Ler junto com os filhos.
- Fornecer temas e personagens de interesse da criança pela leitura.
- Estimular e mostrar o valor da leitura e da escrita.
- Dar liberdade para que os filhos façam as suas associações desenvolvidas no tratamento e correções.
- Reproduzir em casa brincadeiras cativantes com o objetivo de trabalhar a leitura e a escrita.
O aprendizado das crianças com dislexia é separado dos demais?
Existe um programa desenvolvido para alunos com dislexia, a AEE - Assistência Educacional Especializada.
Nele, os métodos de ensino e avaliação são individualizados, dispondo de professor de apoio. Os pais devem solicitar a inclusão de seus filhos.
Por não se tratar de deficiência, os alunos frequentam o mesmo ambiente dos demais. Porém, com acompanhamento diferenciado.
A dislexia não ocorre por falhas na alfabetização, condições médicas que afetam o desenvolvimento da inteligência ou mesmo desatenção.
No entanto, pode ser agravada quando não tratada desde a infância.
Inclusive, podemos dizer que a dislexia traz alguns ‘superpoderes’ ao seu portador; 46% deles possuem Q.I. acima da média, segundo pesquisa da ABD - Associação Brasileira de Dislexia e o Centro Especializado em Distúrbios de Aprendizagem (CEDA).
Além disso, costumam identificar padrões com maior facilidade e têm maior percepção de atividade na visão periférica.
O acolhimento e o acompanhamento transformam e dão compreensão e condições para que a criança evolua e se encontre com mais facilidade.
Transtornos do desenvolvimento trazem bastante angústia e ansiedade, muito por conta da falta de entendimento do que está acontecendo.
O primeiro passo é agir quando sinais de dificuldade recorrente aparecem no comportamento da criança.
Trate com seriedade aquele erro bonitinho de fala ou leitura que os seus filhos sempre cometem.
Eles vão agradecer.